ulysses (pós, 2016)

HL 763 Literatura e Alteridade

Caetano

Diretrizes pros trabalhos, crianças:

entrega: primeiro de agosto (ou seja, até as 23h59 do dia primeiro de agosto)... no endereço do gmail do tio, que é cwgalindo mais a arroba mais o gmail. ponto. com.

extensão: entre 4000 e 6000 palavras (que é pra garantir que os ensaios já apareçam em formato apresentável pra publicação posterior com poucas eventuais alterações, caso seja do interesse de cada um. NB: o tio vai olhar os limites de palavras.)

temas: como a gente tinha conversado: análises do Ulysses (trechos, temas, ideias...), aproximações do Ulysses com outras obras, outros autores, aproximações de outras obras, autores, ideias a questões discutidas nas nossas leituras do Ulysses.

Grato de novo, e demais, pela oportunidade de falar de Ulysses com/pra vocês.

Abração

Caetano

Introdução ao estudo do romance Ulysses, de James Joyce. Neste curso, a lente de leitura será a noção de alteridade, central para a concepção do romance e, claro, deste romance. Narradores e personagens, personagens e personagens, eus presentes e passados, eu biográfico e versões ficcionalizadas, o autor e a tradição em que se insere, nacional e estrangeiro, o colonizado e o colonizador na Irlanda de princípios do século XX, diálogos. Mais do que isso, a ideia será tomar como mote o título do recente livro de Kiberd, Ulysses and Us, e tentar retraçar de qual maneira se pode buscar (à la Harold Bloom e seu Where Shall Wisdom be Found) uma espécie de manual, senão de tolerância e aceitação da alteridade, ao menos de convívio e de pensamento sobre ética interpessoal e pessoal. Talvez não Moral Fiction, como queria Gardner. Talvez nem mesmo nos moldes de Kiberd. Mas de alguma maneira.

A minha entrada para esses temas é fundamentalmente bakhtiniana. E para ela eu recomendaria a leitura da primeira parte da Estética da criação verbal, do quinto capítulo dos Problemas da poética... e do segundo capítulo de Questões de literatura e estética e, para os mais corajosos, também Para uma filosofia do ato responsável. O caminho mais curto, se Bakhtin ainda não faz parte dos teus interesses pessoais, no entanto, é a leitura de Mikhail Bakhtin: criação de uma prosaística, de Morson e Emerson, especialmente os capítulos 1, 4, 5 e 8. Outro atalho meio preguiçoso é dar uma olhada no meu doutorado.

Isso em termos de "alteridade", que é pra dar aquela justificadona na seleção da ementa e tals. No que se refere à "parte dois" da nossa Odisseia, o próprio livro do Bloom, o do Gardner, o Kiberd, o Booth... além disso, o Montaigne, sempre, Tolstói... Essas coisas! Veja lá o que aparece na bibliografia.

(Vale também dar uma olhada aqui mesmo no site na página da última disciplina da graduação, que tem uns linques a mais)

No entanto, o espírito do curso é mais o de examinar as questões em questão conforme postas e problematizadas no Ulysses. Logo, conto com a contribuição e os referenciais teóricos de vocês também para a discussão. Não discutiremos diretamente os textos todos em sala. Eles são só o ponto de onde hão de vir as minhas referências mais básicas. Mas outras serão benvindas.

Ooou seja...:

 A gente vai ler o romance, todo, e comentar juntos. Eu de guia. Vocês me guiando. Essas questões (alteridade, ética, sabedoria, the good life) são mais um "norte".

Outra coisa é que está previsto pra março o lançamento do "meu" guia de leitura do Ulysses. Ele, assim, já consta da bibliografia, e eu espero poder contar com o livro, e com o fato de você poder ler esse livro, pra gente ter como adiantar mais produtivamente a leitura do livro em sala, ok?

O aula-a-aula, pra vocês terem uma ideia é o seguinte:

 

1. Apresentação do curso. Joyce. Ulysses. Nós.

2. Ulysses (Telêmaco, Nestor, Proteu)

3. Ulysses (Calipso, Lotófagos)

4. Ulysses (Hades, Éolo)

5. Ulysses (Lestrigões)

6. Ulysses (Cila e Caribde)

7. Ulysses (Rochedos Serpeantes)

8. Ulysses  (Sereias)

9. Ulysses (Ciclope)

10. Ulysses (Nausícaa)

11. Ulysses (O gado do sol)

12. Ulysses (Circe)

13. Ulysses (Eumeu)

14. Ulysses (Ítaca)

15. Ulysses (Penélope)

 

A leitura de Joyce, em sala, vai ser feita pela tradução deste que vos fala. Pelo menos eu tenho que, né?

Outras possibilidades, claro, incluem o texto de 22, disponível no projeto Gutenberg  e alhures.

Como no entanto não serão as filigranas do inglês, ou as minúcias ecdóticas o nosso objetivo principal, cada um de vocês pode, evidentemente, fazer a leitura do livro (sim, é mais que recomendável tentar ler o livro todo) pela tradução que pareça mais interessante ou por uma versão diferente do texto base (Random House, Bodley Head/Penguin, as numerosas reimpressões desses dois textos por outros selos, ou ainda o texto Gabler, de 1984) ou, óbvio, em qualquer tradução. 

 

Pra leitura do Ulysses, toma alguns apoios

Como....

Um site muito geral, com montes de broken links, mas pás de coisas interessantes. (ok... parece que o site do Barger morreu de vez... deixo aqui como lembrança da era romântica da internet...)

A grande bíblia anotada.

(lógico, só pra fins de consulta. Ter o livro é uma vantagem imensa)

Uma versão anotada e coloridinha, que tem incrível serventia

Infelizmente, como de regra no mundo ulisseano, tudo em inglês. Fazer o quê... Em português, a melhor coisa por aqui ainda é o trecho do Homem comum enfim, do Burgess. E todo o aparato crítico da edição Objetiva/Alfaguara

Fora isso, fica alguma coisa de interesse na minha tese, que está disponível online, e aqui na biblioteca.

e dois 'guias'

 

 

Bibliografia 

o texto-base

JOYCE, James. Ulysses (the 1922 text). Oxford: Oxford World’s Classics, 2011

_______. Ulysses. Londres: Penguin Books, 2000

_______. Ulysses: Annotated Student Edition. (KIBERD, Declan, ed.). Londres: Penguin Books, 2000.

_______. (GABLER, Hans Walter, ed.; MELCHIOR, Claus & STEPPE, Wolfhard, cols.). Londres: The Bodley Head, 2001.

_______. Ulysses (GALINDO, Caetano W., trad.) São Paulo: Penguin Companhia, 2012.

_______. Ulisses. (HOUAISS, Antônio, trad.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.

_______. Ulisses. (PINHEIRO, Bernardina Pinheiro, trad.) Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

_______. Ulisses. (PALMA-FERREIRA, João, trad.). Lisboa: Livros do Brasil, 1989.

_______. Ulisses. (CARVALHO, Jorge Vaz de, trad.) Lisboa: Relógio d'Água, 2013.

 

 

Registro algumas edições de papel do texto inglês e as traduções disponíveis em português. Discutimos as questões textuais em sala, se for o caso. Mas vale a dica de leitura lá de cima.

 

a vida do autor

ANDERSON, Chester G. James Joyce. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989.

ELLMANN, Richard. James Joyce. Oxford: Oxford University Press, 1982.

IGOE, Vivien. James Joyce’s Dublin houses and Nora Barnacle’s Galway. Dublin: Wolfhound Press, 1997.

JACKSON, John Wyse (COSTELLO, Peter, colab.). John Stanislaus Joyce. Londres: Fourth State, 1997.

MADDOX, Brenda. Nora. São Paulo, Martins Fontes, 1991.

O’BRIEN, Edna. James Joyce. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.

PRITTCHARD, David. James Joyce. New Lanark: Geddes & Grossett, 2001.

 

 

joyceana

 

BIRMINGHAM, Kevin. The Most Dangerous Book: the battle for James Joyce's Ulysses. Nova York: Penguin, 2014.

BLAMIRES, Harry. The Bloomsday book.

BLOOM, Harold. “James Joyce”, in: Gênio. Rio de Janeiro, Objetiva, 2003.

BOOKER, M. Keith. Joyce, Bakhtin, and the literary tradition. Ann Arbor: The University of Michigan Press, 1995.

BOWEN, Zack. Musical Allusions in the works of James Joyce. Nova Iorque: State University of New York Press, 1974.

BUDGEN, Frank. James Joyce and the making of Ulysses. Oxford: Osford University Press, 1972.

BURGESS, Anthony. Joysprick. Nova Iorque: Harcourt, 1975.

_______. Re Joyce. Nova Iorque, Norton, 2000 (1965).

_______ (ed.). A shorter Finnegans Wake. Londres: Faber & Faber, 1966.

CATO, Bob & VITIELLO, Greg (BURGESS, Anthony, intr.). Joyce Images. Nova Iorque e Londres, W. W. Norton e companhia, 1994.

DEANE, Seamus. “Introduction” in JOYCE, James. Finnegans Wake. Londres: Penguin, 1992.

ELLMANN, Richard. The consciousness of James Joyce. Londres: Faber & Faber, 1977.

_______. Selected letters of James Joyce. Nova Iorque, Viking Press, 1957.

_______. Ulysses on the liffey. Oxford: Oxford University Press, 1972.

_______. Four Dubliners. Londres, Cardinal, 1988.

GALINDO, Eu mesmo. Sim, eu digo sim: uma visita guiada ao Ulysses de James Joyce. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

GIFFORD, Don. Joyce Annotated. Berkeley: University of California Press, 1982.

_______ . Ulysses Annotated. Berkeley (com SEIDMAN, Robert J.): University of California Press, 1989.

GILBERT, Stuart. James Joyce’s Ulysses. Londres: Penguin, 1963.

GILLESPIE, Michael Patrick. Reading the book of himself. Columbus: Ohio University Press, 1989.

HART, Clive. James Joyce’s Dublin. Londres, Tames and Hudson, 2004.

HART, Clive & HAYMAN, David. James Joyce’s Ulysses. Berkeley: University of California Press, 1974.

HAYMAN, David. Ulysses: the mechanics of meaning. Madison: The University of Wisconsin Press, 1982.

HERRING, Phillip F. Joyce’s Ulysses notesheets in the British Museum. Charlottesville, University Press of Virginia, 1972.

JOLAS, Eugène. Sur Joyce. Paris, Plon, 1990.

JOYCE, James. Occasional, critical, and political writing. (BARRY, Kevin, ed.). Oxford: Oxford University Press, 2000.

_______. Dubliners. Londres, Penguin, 1996.

_______. Finnegans Wake. Londres, Penguin, 1992.

_______. Finnegans Wake. (LAVERGNE, Philippe, trad.). Paris, Gallimard, 1982.

_______. Finnícius Revém. (SCHÜLER, Donaldo, trad.) 5 vols. São Paulo, Ateliê, 1999-2003.

_______. Poems and exiles. Londres, Penguin, 1992.

_______. A portrait of the artist as a young man. Oxford, Oxford University Press, 2000.

KENNER, Hugh. Ulysses. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1987.

_______. Joyce’s voices. Berkeley e Los Angeles, University of California Press, 1978

KERSHNER, R. B. Joyce, Bakhtin, and popular literature. Chappel Hill: The University of North Carolina Press, 1989.

LEVIN, Harry. James Joyce: a critical introduction.  Norfolk: New dimensions, 1941.

MELCHIORI, Giorgio & ANGELIS, Giulio de. Ulisse: guida alla lettura. Milão: Oscar Mondadori, 2000.

NORRIS, Margot (ed.). A companion to James Joyce’s Ulysses. Boston: Bedford Books, 1998.

READ, Forrest (ed.) Pound/Joyce: the letters of Ezra Pound to James Joyce, with Pound’s critical essays and articles about Joyce. Nova Iorque, New Directions, 1967.

 

Bakhtin, e mais

 

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. Problemas da poética de Dostoiévski. Rio de Janeiro e São Paulo, Forense universitária, 1997.

_______. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. São paulo, Unesp e Hucitec, 1988.

_______. Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos: Pedro e João, 2010.

_______. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

_______. Art and answerability. Austin: University of Texas Press, 1990.

_______. A cultura popular na idade média e no renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1987.

_______. The dialogic imagination. Austin: University of Texas Press, 2000.

_______. Problems of Dostoevsky’s poetics. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1999.

_______. Speech genres and other late essays. Austin: University of Texas Press, 1999.

_______ (VOLOCHÍNOV, V. N.). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1988.

EMERSON, Caryl  Morson, Gary Saul. Mikhail Bakhtin: criação de uma prosaística. São Paulo: EdUSP, 2008.

BRAIT, Beth (org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Campinas: Editora da UniCamp, 1997.

_______ Ironia em perspectiva polifônica. Campinas: Edunicamp, 1996.

FARACO, Carlos Alberto. Linguagem e diálogo: as idéias lingüísticas do círculo de Bakhtin. Curitiba: Criar, 2003.

_______. TEZZA, Cristovão; BRAIT, Elizabeth; RONCARI, Luiz; BERNARDI, Rosse Marie. Uma introdução a Bakhtin. Curitiba: Hatier, 1988.

_______. TEZZA, Cristovão & CASTRO, Gilberto de. Diálogos com Bakhtin. Curitiba: EdUFPR, 2001.

TEZZA, Cristovão. Entre a prosa e a poesia. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.

 

Minima Moralia

BAKEWELL, Sarah. How to Live: or a life of Montaigne in one question and twenty attempts at an answer. Londres: Chatto & Windus, 2011.

_______. Como viver: ou uma biografia de Montaigne em uma pergunta e vinte tentativas de resposta. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

BLOM, Harold. Onde encontrar a sabedoria. Rio de Janeiro: Ponto de Leitura, 2009.

BOOTH, Wayne. The Company We Keep: an ethics of fiction. Chicago: University of Chicago Press, 1961.

GARDNER, John. On Moral Fiction. Nova York: Basic Books, 1978. 

KIBERD, Declan. Ulysses and Us: the art of everyday life in Joyce's Masterpiece. Nova York: Norton, 2010.

MARCUS AURELIUS. Meditations.

MONTAIGNE, Michel de. Les Essais.

_______. The Essays.

_______. Os Ensaios (3 volumes). São Paulo: Martins Editora, 2001.

_______. Os ensaios. São Paulo: Penguin Companhia, 2010.

PHILIPS, Adam. On Kindness. Nova York: Penguin, 2007.

TOLSTOY, Lev N. The Kingdom of God is Within You.

_______. O reino de deus está em vós.

WALLACE, David Foster. This is Water: some thoughts, delivered on a significant occasion, about living a compassionate life. Boston: Little, Brown, 2009.

 

Essas indicações todas são referências pra quem quiser aprofundar este ou aquele aspecto abordado durante o curso, pra me poupar o trabalho de ficar dando essas referências inteiras em sala de aula.